Beltrano é o que não tem nome. É um mendigo. Ele faz parte daquela esfera social que o filósofo Enrique Dussel chamou de exterioridade. Uma parte da sociedade que as pessoas fantasiam fazer parte do todo, mas que não é público considerado pela imprensa, não é destinatário do diálogo social. Da totalidade, são a exterioridade. Beltrano é destituído de tudo e apenas o que possui é um estigma, um pressuposto de que sua destituição o define, de que é tudo. Mas apesar das factibilidades que o fazem lutar pela sobrevivência, Beltrano tem uma existência, tem questionamentos existenciais e tem cultura. Ninguém quer saber sua história. Mas ela existe. Sua luta é por pensar que nunca amou na vida. Morreu, foi barrado no céu e tem de provar que tem direito de entrar lá. Será que ele vai conseguir?