“– Uma paixão é uma paixão.
— As pessoas podem mudar tudo, de cara, de casa, de família, de namorada, religião, de Deus. Mas tem uma coisa que não se pode mudar, Benjamin. Não se pode mudar de paixão.”


Esse é um trecho do filme Argentino “El secreto de tus ojos”, em português “O segredo de seus olhos”. O filme é excelente especialmente pela trama, e o final, surpreendente. Essa cena é uma espécie de agnição ou reconhecimento, em termos Aristotélicos, não apenas para o importante deslinde dos fatos na obra, mas para o próprio expectador.

A paixão é um sentimento de intensidade interior que nos move porque algo nos cativa de forma imanente. Na utilização ordinária da palavra, muitas vezes esse sentimento intenso é confundido com o amor, especialmente nas pessoas de comportamento romântico, para as quais a intensidade da paixão, aliada à idealização do outro, acaba por decretar o encontro da pessoa certa. Por consequência o romantismo muitas vezes vem acompanhado de uma desilusão, já que as idealizações são construídas pela imaginação sobre a pessoa e podem se desfazer quando ela é conhecida, desvelada. Mas a paixão não precisa ser algo destinado a um fim breve.

A paixão que o filme revela é o sentimento por uma coisa, algo que por natureza é menos complexo que um ser humano de modo que o arrebatamento, o enlevo, não necessariamente vem acompanhado da ilusão/desilusão. A paixão então permanece, tal como na cena do filme. E essa é a grande agnição, a grande sacada no jogo da vida: encontrar uma paixão que não dependa de uma ilusão, e melhor ainda, que não dependa de outra pessoa. Uma paixão da qual o seu coração possa se adonar, sem aprisionar ninguém, e sem um prazo para acabar.

Uma paixão nos toca tão internamente a ponto de nos emocionar, de nos preencher, de nos consolar, de dar sentido à vida. Quem gosta de ler entende muito bem o que digo. O que te toca?

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